Ata "reconta" a história da fundação do Campinense
História oficial diz que clube foi fundado por dezenas de bacharéis. Mas documento encontrado mostra que reunião de fundação pode ter tido apenas nove pessoas
Uma outra explicação para uma velha versão. No ano do centenário do Campinense, um documento, supostamente extraído de antigas atas de reuniões do clube social, traz à discussão o número exato de fundadores da agremiação rubro-negra.
Que o "Aristocrático", como sempre foi conhecido, nasceu da elite algodoeira de Campina Grande, não se tem dúvida. Mas, quantos bacharéis participaram da fundação?
Quem defende o romantismo da história convencional, afirma que foi um ato coletivo. Da união da elite campinense na época. E que foram mais de 30 bacharéis os fundadores.
O documento guardado pelo ex-presidente Lamir Motta, um dos comandantes do histórico hexacampeonato, no entanto, aponta para apenas nove nomes que inicialmente ajudaram a criar o a Sociedade Recreativa Campinense Club.
No início do século, em Campina Grande, o título de bacharel era para poucos e indicava um importante sinal de classe social.
Compondo a lista dos que seriam os reais fundadores do Rubro-Negro, apenas três bacharéis: Acácio de Figueiredo, Gilberto Justino de Farias Leite e José Bonifácio Câmara. Todos que carregavam orgulhosamente o tratamento de "doutores". Os demais seriam Adaucto Bello e Alexandre Bello, que eram irmãos; Anísio Rodrigues de Souza Campos, Arnaldo Cavalcanti de Albuquerque, José Amorim e Cezar Ribeiro.
Reorganizando os documentos que guardo (...), encontrei essa lista, retirada de atas antigas (...). É uma prova de que não procede essa história de que o clube foi fundado por dezenas de bacharéis"
- Reorganizando os documentos que guardo em um acervo dedicado ao Campinense, encontrei essa lista, retirada de atas antigas, as quais contam sobre a fundação do clube. Então é uma prova de que não procede essa história de que o clube foi fundado por dezenas de bacharéis - defende Lamir, pontuando que remexeu nos documentos justamente por causa do centenário do clube.
O papel encontrado pelo ex-dirigente rubro-negro traz ainda a relação da primeira diretoria do clube, tendo como primeiro presidente Sebastião da Fonseca Barbosa. Seu vice era João Rique Ferreira, pai de Newton Rique, o qual chegou assumiu a Prefeitura de Campina Grande no final de 1963, sendo deposto pelos militares em junho do ano seguinte.
A formação do primeiro corpo diretor do Campinense tem ainda os nomes de Alcides de Barros Vieira (1º secretário), Cezar Ribeiro (fundador e 2º secretário), Antonio Pereira Diniz (orador), Argemiro de Figueiredo (irmão de Acácio e vice-orador - anos depois tornou-se governador e senador da Paraíba), Pedro Carvalho (tesoureiro) e Julio Honório de Mello (vice-tesoureiro).
O Conselho Fiscal foi composto por Octacílio de Souza Barbosa, Archimedes Aranha e João Damasceno Nóbrega.
- Dentre os destaques aparece Arnaldo Cavalcanti, pai de Lynaldo Cavalcanti (engenheiro e intelectual campinense, uma das maiores autoridades em Ciência e Tecnologia do Brasil e ex-reitor da UFPB). Tem também Antonio Pereira Diniz, que eu não sabia nem que ele tinha feito parte da primeira diretoria do Campinense, porque ele era de uma cidade aqui de perto. Antonio Pereira foi um grande orador na Paraíba, deputado federal. Já Argemiro de Figueiredo dispensa comentários. Julio Honório de Mello era dono de farmácia na rua Maciel Pinheiro. Cezar Ribeiro era do ramo do algodão e foi o manda-chuva do Campinense por muitos anos - resumiu Lamir Motta.
Fonte: globoesporte.com